quinta-feira, 26 de junho de 2014

Um povo que trabalha feliz!

Falando um pouco de comportamento, depois desses quase 2 meses de vivência aqui em Montreal, podemos dizer que um comportamento das pessoas aqui tem nos chamado bastante atenção: a felicidade aparente das pessoas que trabalham atendendo o público.


Embora o nosso tempo aqui ainda seja relativamente curto, vemos isso todo o dia. Acredito que em parte seja influência do verão que acaba de se instalar de vez, ainda mais depois de um inverno tão rigoroso como o último. Mas acho que isso é apenas um dos ingredientes... não sei exatamente o que compõe isso, se é o povo sair do trabalho no geral as 16h30 (horário do rush aqui.. rsrs), ou se é porque aparentemente há mais funcionários por cliente do que eu estava acostumado a ver no Brasil. Só sei que é bem interessante, para falar a verdade tem sido bem estimulante conviver nesse ambiente.

A impressão é que o trabalho não é o principal foco das pessoas aqui, mas sim uma vida cotidiana bem vivida. É muito bom ver os parquinhos lotados nos finais de tarde com os pais e seus filhos brincando depois do trabalho, ou o povo simplesmente lendo um livro, lagarteando no sol (que vai firme até as 20h). As atividades culturais que se acumulam e te dão tantas opções que você fica até confuso!

O mais contrastante para nós, são os servidores público. Parece que estes então são mais felizes que os demais mortais... infelizmente tão diferente do atendimento no Brasil. Até começamos a considerar mais seriamente um emprego público.. rsrs.

Bom não sei se é encantamento de imigrante recém-chegado em pleno o verão, mas sei que tem sido uma experiência maravilhosa até aqui. Pode até ser que o inverno seja rigoroso aqui, mas que esse povo sabe aproveitar o verão, ah eles sabem!


quarta-feira, 18 de junho de 2014

Carteira de motorista - desmistificando o MITO!!! - parte 2: Dificuldade da prova

Bonjour mes amis,

Continuando o tema da carteira de motorista, vamos ao segundo mito que, para mim ficou mais claro que é realmente um mito: a dificuldade das provas, principalmente a prática.

Mito 2: A prova é difícil de passar (experiência: nem um pouco)

Prova teórica
Não tem nenhum segredo, é uma prova simples, com questões de múltipla escolha feitas diretamente no computador. A prova pode ser feita tanto em francês, como em inglês, você escolhe no próprio computador em que fará a prova e, o melhor, você pode mudar de um para o outro no meio da prova. Isso ajuda muito quando você não entende bem aquela palavra como "embreagem" que em inglês aparece como "clutch, mas em francês é "embrayage". Aí fica mamão-com-açúcar... rsrs

Bom a prova não tem segredo e nem pegadinhas, mas é necessário estudar um pouco, principalmente placas e os semáforos que são diferentes do Brasil. De resto, as questões são meio óbvias e basta você ter em mente que a resposta certa será sempre a que indicar o comportamento mais seguro.

A prova é dividida em 3 partes, as duas primeiras com 16 questões, onde você pode errar até 4 e a terceira com 30 questões e a possibilidade de errar até 8. Caso você não passe em algumas das etapas, não tem problema, você pode fazer as outras e, passando, remarca o teste para fazer apenas a parte em que não conseguiu o número de acertos necessários.

Para se preparar para a prova, eles indicam dois livros. Você pode comprar, pegar emprestado, ou mesmo pegar numa biblioteca. Acho válido, mas eu não utilizei nenhum deles. O que eu fiz foi o simulado da prova teórica disponibilizado pelo próprio SAAQ. Esse eu recomendo fortemente, pois as questão são praticamente as mesmas que caem na prova, e ele te dá toda a explicação da resposta correta. É como estudar para prova de matemática com lista de exercícios.. rsrs

Prova prática
Essa é o terror de muita gente. Bom, para quem já dirige há algum tempo (como é o caso da maioria dos imigrantes) não tem muito segredo também. Algumas pessoas se apegam aquela experiência terrível dos 18 anos tirando carteira no Brasil  projetam para cá... Calma, lembre-se, você não tem mais 18 anos já faz algum tempo e aqui não tem aquele velho esquema de pagar para passar (pelo menos nunca vi nem ouvi falar, já no Brasil me lembro bem do cara da autoescola falar na minha cara que ninguém passa de primeira sem "adiantar um". Num paguei e passei, mané).

Aqui o avaliador simplesmente quer saber se você dirige de forma segura para os padrões deles e isso inclui, além das diferenças de sinalizações, o famoso 'shoulder check" que consiste olhar para trás mesmo, por cima dos ombros, para checar o ponto cego do carro toda vez que você for fazer qualquer conversão, inclusive mudança de faixa.

No meu caso, não sei se é o padrão, ou se foi sorte,  peguei um avaliador super simpático, que foi bem correto durante o teste, inclusive camarada algumas vezes, como quando eu fui sair com o carro e engatei o drive ao invés da ré e ele me avisou antes do carro se mover, ao invés de esperar eu fazer a cagada para tirar algum ponto.

Ante de sairmos ele explicou que iríamos fazer um percurso de 20 minutos, com avenidas, ruas de bairro, passar perto de escolas e estacionar. Deixou bem claro que não haveria pegadinhas e que avisaria com tempo cada conversão a ser feita.

Eu segui o figurino, virava o pescoço mais que a menina do exorcista, para ambos os lados, respeitei os limites de velocidade e fiz um baliza de primeira (com um carro hatch num espaço para um S10 cabine dupla), que para meu espanto ele ficou impressionado. Depois com o tempo observando na rua dá pra perceber que realmente o povo aqui não consegue fazer baliza, ninguém daqui conseguiria estacionar na rua em São Paulo.. rsrs.

No final ele deu os parabéns, disse que pode perceber que eu dirigia  de maneira segura e que iria me passar. Mas ressaltou que eu esqueci de checar o ponto cego umas 3 vezes (isso porque eu virei a cabeça umas trocentas vezes).

Terminado o teste ele veio me falar sobre a paixão dele pela "seleção" do Brasil, de como ele adorava o futebol brasileiro e como estava empolgado com a Copa do Mundo. Foi bom que ele me deu a dica de onde assistir os jogos aqui no Canada, que estão sendo transmitidos pela CBC em inglês e francês.

Pontos de atenção para a prova:
Checar o ponto cego - isso é bem estranho para nós brasileiros, pois se fizéssemos isso no Brasil seríamos reprovados de primeira. Bom aqui não é Brasil e é assim que eles fazem. E devo dizer que, pelas últimas semanas que tenho dirigido por aqui essa checagem é realmente necessária. Como tem ciclista que adora andar no ponto cego do carro!

Respeitar as preferências - é meio óbvio numa prova de direção, mas para quem dirige há um certo tempo e não faz isso é bom tomar cuidado com o vício, porque aqui com certeza reprova.

Virar à esquerda em avenidas de mão dupla - também parece estranho para nós, mas é possível aqui. E vale, para isso, entender como funciona o semáforo aqui. Se ele estiver com a bola verde (como o do Brasil) você pode fazer a conversão à esquerda, desde que você tenha oportunidade de fazê-la de maneira segura. Caso esta bola verde esteja piscando ou tenha uma seta verde apontando para a esquerda aí você pode ir com fé porque a outra pista está com o sinal fechado para quem vem no sentido oposto. Agora caso, esteja com uma seta verde para frente, aí nada feito, espera até aparecer a bola verde. Parece confuso no início, mas depois você percebe que é bem intuitivo.

Carro automático - essa é uma diferença que pode fazer a diferença. Para quem nunca dirigiu um carro automático antes é bom se ambientar com um antes de fazer a prova, já que 90% dos carros aqui são automáticos. Em todo o caso você pode fazer a prova com um carro manual, basta arranjar um que esteja em condições. Aqui você faz a prova com seu carro ou um carro alugado de uma autoescola.

Arrêt - Esse também é importante. Aqui todo mundo para na placa de Arrêt (Pare), não é só diminuir a velocidade. Na prova então, precisar ser um parada completa, até o carro dar aquela estacadinha que te balança para frente. Aqui, nos cruzamentos ondem não tem sinal é comum ter uma placa de pare em todos os sentidos, e aí como fazer? Simples, quem chegou primeiro e parou primeiro, sai primeiro. É o mesmo princípio da rotatória no Brasil.

De resto não tem muito segredo mesmo, principalmente para quem já dirige. O principal é ficar calmo e conhecer as regras diferentes daqui. Acredito que uma aula de autoescola aqui pode ajudar para quem estiver inseguro, eu acabei não fazendo pois não tive nem tempo de marcar, como disse no post anterior, fiz a prova teórica na sexta e quando fui marcar a prática me deram uma data na segunda-feira seguinte.

Sobre o SAAQ só tenho a dizer que adorei a eficiência deles. Cerca de 10 dias depois de fazer a prova minha carteira chegou em casa e agora eu tenho um documento de identificação, enquanto meu cartão de residente permanente não chega.. hehe

Bom, é isso, outro post longo, espero que ajude. Qualquer dúvida é só falar.


À bientôt,

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Carteira de motorista - desmistificando o MITO!!! - parte 1: Demora

Olá pessoal,

O tempo está mesmo voando, lá se foi o primeiro mês e parece que quanto mais check damos na lista de coisas para fazer mais ela cresce! E a Copa do Mundo tá aí!! Eu lembro do dia que o Brasil foi escolhido para ser a sede dessa Copa, lá em 2007... pois é, demorou muito, mas chegou!

Bom vamos ao que interessa: o assunto do post, a tão temida carteira de motorista quebecois! Bom eu digo tão temida, porque foram inúmeros post que eu li antes de vir, várias pessoas falando sobre os principais erros dos imigrantes e várias histórias de lugares onde não fazer a prova, pois ninguém passa... e por aí vai.

(Adendo: Como tudo nesse blog, quero reforçar que essa é uma visão pessoal, baseada na nossa experiência aqui, ok?)

Dito isso, vou contar como foi o meu processo para trocar a carteira brasileira pela de cá para mostrar que - novamente na nossa visão - não há muito o que temer pois, o processo em si é muito simples, nem um pouco burocrático e a prova prática é beeeeem mais fácil que a do Brasil (falo de São Paulo, onde tirei minha habilitação no Brasil).

Vamos lá:

Mito 1: O processo todo é muito demorado (experiência: depende)

Eu sempre ouvi esse conselho de que devemos sempre iniciar o processo quanto antes porque demora muito. Em relação a começar cedo eu concordo. É melhor você iniciar esse processo logo, pois quem tem CNH no brasileira pode pedir aqui a 'troca' da carteira pela daqui do Quebec, mas esse processo tem que ser iniciado em até 6 meses que você está aqui. Por que isso vale a pena? Porque você não precisa fazer autoescola nem nada, apenas as provas teórica e prática e voilà. Mas se você perder esse prazo, aí vai ter que fazer tudo aqui como se fosse um adolescente de 16 anos tirando a carteira, ou seja, todas as aulas e tal e ainda por cima vai tirar uma carteira provisória semelhante a permissão de direção do Brasil, no primeiro ano. Então, mesmo que você não pretenda dirigir tão cedo aqui, vale a pena fazer logo o processo para não perder essa vantagem. Fora que fica muito mais barato do que pagar todas as aulas práticas...

Primeiro passo, fui até o consulado brasileiro pedir a tradução da CNH. Eles fazem esse serviço lá e atualmente custa pouco mais de CAD 18 . O problema é que sendo a segunda semana de maio, todo mundo tava tirando visto para ir pra Copa no Brasil, o que quer dizer que lá estava muito cheio, perdi algumas horas lá para fazer isso. Não sei se foi sazonal, mas a questão é que nisso eles me pediram o prazo de 3 semanas para fazer a tradução. Ok, bora fazer o segundo passo, ligar para a SAAQ (Société de l'Assurance Automobile du Quebec), equivalente ao Detran brasileiro - para marcar um horário para levar os documentos e dar entrada no processo, nesse mesmo dia você pode fazer a prova teórica inclusive.

Tudo certo, liguei lá e fui super bem atendido, e qual não foi a minha surpresa quando a moça da SAAQ me ofereceu para fazer o rendez-vous dois dias depois! Seria ótimo, mas sem tradução da carteira não adiantava, pedi para ela ver uma data mais para frente e ela me ofereceu 6 de junho. Perfeito, eu ia buscar a tradução na quarta, dia 4/6 então tranquilo. (Bom até aí, deu pra ver que eu não tive problemas com datas muito longas, não sei se foi o período do ano, só sei que não posso reclamar).

Então na sexta-feira passada eu fui lá, entreguei os documentos, fiz exame de vista no guichê deles mesmo, tirei foto tudo por lá mesmo, sem burocracia, só um pouco demorado, contando a 1h de prova teórica foram 3h de chá de cadeira. Terminada a prova teórica eles te dão a opção de marcar a prova prática lá mesmo ou depois, por telefone. Já que estava lá, peguei outra senha e esperei mais um pouco. Quando fui chamado outro susto, a moça do guichê virou e disse: - Tenho uma data para segunda feira, às 13h50, você quer? Imagina o susto, estava esperando algo para julho ou agosto, mas ela ofereceu para segunda-feira. Como não ia ter tempo de fazer nenhuma aula prática pelo menos perguntei o que ela tinha mais para frente. Aí sim ela disse, só em agosto. Ok, pode me dar a data de segunda que tá ótimo!

Resultado: na segunda fiz o teste, passei e a carteira deve chegar aqui em casa na semana que vem! Ou seja, dei entrada lá no dia 6 de junho e minha carteira deve chegar em casa até o dia 16 de junho. Detalhe: depois que você passa no teste eles te dão um papel que serve de carteira provisória até a sua chegar em casa, então na realidade o meu processo todo para a obtenção da carteira levou 4 dias corridos, com um final de semana no meio!

Óbvio que essa não é a regra, mas serve para mostrar que esta questão de data depende muito. Outro ponto interessante é que, depois que você pegou uma data você pode ligar lá várias vezes para tentar mudar, como muita gente muda a data para frente, você pode conseguir antecipar o seu também. Depende da sua persistência. O próprio SAAQ te recomenda isso.

Bom, o post ficou muito longo, então vou deixar para falar sobre o mito da dificuldade das provas num próximo post.

À bientôt,